terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Que estranho!

"Que estranho! No meu computador estava azul, não percebo..."

Quanto de nós não ouviram já frases deste género. São nestas situações que geram a maior parte das vezes conflitos e problemas entre cliente-gráfica. O cliente cria um trabalho todo bonito, ao visualizar no seu computador está impecável, melhor até faz uma impresssão a cores na sua impressora "XPTO" não postscript e melhor o trabalho está lindo. E depois??? Depois é que começam as dores de cabeça, quando o operador de pré-impressão recebe o trabalho, das duas uma, ou já conhece o cliente e sabe muito bem o tipo de trabalho que quer ou então, é a primeira vez que trabalha com este cliente e anda aos papéis, como se costuma dizer. Ao abrir os ficheiros há que verificar se as imagens estão em RGB e convertê-las para CMYK, temos logo o primeiro problema se o nosso perfil de cor para conversão não for o mais apropriado, podemos converter uma linda foto para uma linda porcaria. Verificar se as cores usadas no trabalho estão correctas e correspondem às cores de impressão, ou seja por exemplo, para trabalhos CMYK não posso ter spot colors ou pantones. Temos mais um problema, quando se usam determinadas cores pantones que tem brilhos mais intensos e pretendemos que o trabalho seja impresso em quadricromia, essas cores podem muitas vezes perder o seu brilho, porque o CMYK não o consegue reproduzir. E podiamos ficar aqui a enumerar mais situações específicas, mas penso que estas são as principais.
E agora? Solução?
Pois, sinceramente, penso que há umas quantas soluções que resolvem problemas, mas uma solução definitiva que resolva completamente o problema, acho que infelizmente não há.
Primeiro nestes casos, tem que haver uma linguagem comum entre cliente e gráfica. Se o cliente não sabe distinguir RGB de CMYK ou qual a diferença de usar Pantones ou imprimir em quadricromia, temos logo à partida maior dificuldade de resolução do problema. Quantas vezes ao longo anos da minha vida profissional já não tive que dar "aulas" de cor ao clientes, principalmente a jovens designers que acabaram o curso recentemente ou a "paraquedistas" a pensarem que são designers. Antes de começar qualquer trabalho verificar sempre os ficheiros do cliente, se existem erros graves, deve-se imediatamente avisar o cliente antes de avançar mais na fase de produção. O ideal seria que a linguagem informática da empresa fosse a mesma, quero dizer, o ideal é que todos os equipamentos, computadores, impressoras, plotters, CTPs, tivessem o mesmo perfil de cor. Não sendo possível, ter prova de cor (ozalide) o mais próximo possível da impressão offset. Assim quando o cliente aprova a nossa prova, garantimos que a impressão final seja o que o cliente pretende. Por último, sendo um ponto discutível, mas eu particularmente defendo em casos especiais, o cliente aprovar o trabalho na máquina. Se o trabalho exige qualidade ou ter uma tonalidade específica, nada melhor que ser o cliente a dar a aprovação final. Porque a minha sensação de cor como é subjectiva, não é igual à do impressor, do chefe de impressão, do encarregado geral e muito menos a do cliente, é ele que tem de sentir a sua sensação de cor no trabalho final.

Ao longo destas últimas semanas tendo andado a pensar e a estudar este problema da reprodução da cor e como já referi a conclusão que chego é que infelizmente não há uma solução que resolva o problema completamente. Os nosso olhos são estimulados pela luz que por sua vez vão dar a informação ao nosso cérebro, mas até agora ainda não existe equipamento que consiga reproduzir a cor da mesma forma. Quer estejamos a trabalhar em luz ou pigmento, porque segundo a Teoria Tricromática devemos ter 3 primárias, mas 3 primárias ideais ou não existem ou são demasiado dispendiosas para uso comercial. Como forma de tentar resolver o problema foram criados mais espaços de cor, mas todos eles ainda apresentam falhas. E quando chegamos ao pigmento continuamos ainda com problemas, porque até posso ter uma excelente conversão de RGB para CMY, mas o que é suposto na tinta CMY ser absorvido no comprimento de onda não acontece. Depois ainda posso ter densitometros, espectrofotometros para medir as cores e controlando a sua reprodução.
Resumindo eu tenho uma sensação de cor, mas se a quero reproduzir parece que tenho de confiar mais no meu instinto e experiência do que no equipamento. Mas, claro, se tiver equipamento bem calibrado, com perfis de cor adequados, será uma grande e importante ajuda.

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