quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Visão em RGB

Afinal vejo em RGB...
Sempre soube que as cores se classificam a partir das cores primárias, se falamos de luz temos RGB (Red, Green, Blue) mas se falamos de pigmento temos CMY (Cian, Magenta, Yellow). Por defeito de profissão fui sempre classificando as cores em CMY, quando vejo um vermelho identifico-o logo como 100% Magenta + 100% Amarelo. Ou como quando comecei a trabalhar e ouvia dizer que o cliente queria o impresso em "azul esferográfica" que correspondia a 100% Cian + 70% Magenta. Até mesmo quando olho para o céu num dia claro e vejo as tonalidades variarem em percentagens de Cian, podendo algumas vezes terem um cheirinho de Magenta.
Mas o que eu não estava à espera era de saber que os dispositivos do nosso olho são em RGB, claro que era implicito para mim que na visão porque é estimulada pela luz as cores seriam classificadas em RGB logicamente, agora haver receptores no nosso olho em RGB foi uma novidade. Vamos então aprofundar melhor esta questão.

O olho humano tem a forma de um globo e está dentro de uma cavidade óssea, a órbita, e é protegido pelas pálpebras. Externamente tem seis músculos responsáveis pelos movimentos oculares. Cada olho é constituído por 3 túnicas (camadas): a Externa com função protectora e que são a córnea e a esclera; a Média com função vascular e é composta pela coróide, corpo ciliar e íris e finalmente a Interna com função nervosa e é a retina.
Na túnica Externa, chamada esclerótica (branco do olho), a esclera ocupa a maior parte, é opaca e nela estão inseridos os músculos extra-oculares que movem o globo ocular dirigindo-o para o objectivo visual. Na parte anterior está a córnea que é transparente e funciona como uma lente convergente.
Na túnica Média denominada de úvea temos a coróide que está localizada abaixo da esclerótica e é intensamente pigmentada porque estes pigmentos absorvem a luz que chega à retina e evitam a sua reflexão. Como é muito vascularizada a sua função é nutrir a retina. Temos também a íris que é dotada de um orifício central em que o seu diâmetro varia consoante a iluminação, a pupila. Assim nas sombras a pupila dilata enquanto que na claridade se contrai. Permitindo uma entrada de maior quantidade luz quando diâmentro de pupila aumenta em ambientes mal iluminados, quando pelo contrário em locais muito claros, o diâmentro diminui para evitar o ofuscamento e impedir que luz em excesso vá lesar as células fotossensíveis da retina. Resumindo regula a entrada de luz no olho a exemplo do diafragma de uma máquina fotográfica. Por fim temos o corpo ciliar que forma o humor aquoso que preenche a parte anterior do olho e que possui o músculo ciliar que sustenta o cristalino no lugar e altera a forma deste.


A túnica Interna é composta unicamente pela retina e é aqui que se formam as imagens do que vemos. Essencialmente a retina é composta por dois tipos de células sensíveis à luz, os cones e os bastonetes. A luz ao chegar à retina estimula os cones e bastonetes que por sua vez dão origem a ondas eléctricas que são transmitidas pelo nervo óptico até o cérebro, que na região responsável pela visão processa-se o fenómeno da formação de imagens. Cada olho recebe uma imagem e no entanto vemos os objectos como um só devido à capacidade de fusão das imagens numa única. A visão binocular, com os dois olhos, dá-nos uma maior campo visual e a noção de profundidade. Normalmente as imagens dos objectos que olhamos directamente formam-se na região da retina alinhada pela a linha que passa pela pupila e pelo centro do cristalino, pelo eixo do globo ocular. Essa região chama-se de fóvea e predominam os cones, as células mais sensíveis à visão das cores. A imagem fornecida pelos cones é mais nítida e rica em detalhes. A fóvea é a região da retina altamente especializada pela visão em alta resolução, como contém apenas cones permite que a luz atinja os fotoreceptores sem passar pelas outras camadas da retina aumentando a acuidade visual. Há três tipos de cones: um estimulado pela luz vermelha (R), outro pela luz verde (G) e o terceiro pela luz azul (B).
O resto da retina praticamente só tem bastonetes que são sensíveis à luz. Nestes existe uma substância sensível à luz, a rodopsina e em situações de pouca luminosidade, a visão passa a depender exclusivamente dos bastonetes.
Os cones encontram-se principalmente na retina central, cerca de 7 milhões por olho, enquanto que os bastonetes ausentes na fóvea estão distribuídos na retina periférica, cerca de 123 milhões. No fundo do olho está o ponto cego, insensível à luz. Aqui não há cones nem bastonetes e deste ponto cego saiem o nervo óptico e os vasos sanguíneos da retina.



Resumindo no nosso olho temos uns fotoreceptores denominados cones e que são responsáveis pela nossa visão a cores sendo divididos em três tipos: RGB. Cada tipo destes cones está especializado na absorção de um comprimento de onda específico correspondentes ao vermelho, verde e azul. Por isso os cones também podem ser classificados com SML (Short, Medium, Large) referentes ao número do comprimento de onda para as mesmas cores.
Assim as únicas cores captadas pelo nosso olho são estas três, sendo as restantes construídas pela retina. Curioso, não é? Afinal só vemos em RGB e o resto é composto depois.


«… Ora, não percebeis que com os olhos alcançais toda a beleza do mundo? O olho é o senhor da astronomia e o autor da cosmografia; ele desvenda e corrige toda a arte da humanidade; conduz os homens às partes mais distantes do mundo; é o príncipe da matemática, e as ciências que o têm por fundamento são perfeitamente correctas.
O olho mede a distância e o tamanho das estrela; encontra os elementos e suas localizações; ele… deu origem a arquitectura, a perspectiva, e a divina arte da pintura.
… Que povos, que línguas poderão descrever completamente a sua função! O olho é a janela do corpo humano pela qual ele abre os caminhos e se deleita com a beleza do mundo.»
LEONARDO DA VINCI 1452-1519

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